Minha Vida e Trajetória!

Minha Vida e Trajetória!

Fevereiro 15, 2022 Não Por Mariana Nani

Um mergulho profundo na Vida da Mariana Nani!


Nasci em 12 de Maio de 1981 e alguns dias depois comecei a tossir e fui diagnosticada com Coqueluche, conhecida como “tosse comprida” e fui hospitalizada, segundo informações eu sempre ficava roxa pela falta de ar, lembrando que eu tinha dias de nascida, mas o pior momento de terror da minha mãe foi quando a enfermeira me deu remédio e eu estava dormindo, engasguei e segundo minha ‘madrinha de batismo’, em suas palavras, fiquei praticamente “pretinha” sem ar algum. Acredito que ali fui e voltei, porque minha mãe confirmou isso depois, mas só depois de mais de 30 anos descobri essa história toda. Ao ver eu quase indo, minha mãe bem baixinha queria enfrentar a enfermeira, ela conta que chamaram até segurança para ela não bater na profissional. Enfim, minha mãe conta que gastaram o que não tinham para ela poder ficar em um apartamento junto comigo, fui melhorando e saí do hospital, em casa ainda tinha surtos de falta de ar e era preciso fazer respiração boca a boca para que eu pudesse voltar, geralmente era o meu pai que fazia este procedimento, e esse detalhe só fui descobrir também depois dos meus 30 anos. Em decorrência disso tudo, acredito que tive perda de audição, na primeira série a Professora Zilma (in memorian) chamou minha mãe para avisar que eu escrevia o ditado todo errado, tinha dificuldade de ouvir e ainda de enxergar os escritos no quadro para fazer cópias no caderno. Desde então, sempre fizemos exames auditivos, mas o excelente médico*, só que não, que era pago com o dinheiro que quase não tínhamos, dizia que não tinha nada, que eu era normal, além disso fui ao oftalmologista, afinal não enxergava e ganhei óculos. Quando estava na quarta série, era apaixonadinha por um garoto, fiquei tão traumatizada que não me recordo o nome dele. Teve um amigo secreto e ele havia me tirado, sem ter certeza, mas acho que havíamos nos tirado, então comprei um bichinho tipo urso que balançava a cabeça, que na época era uma febre, adivinha só: ele não foi. Neste dia, fiquei muito triste, chateada e caí no choro, daí a Professora Zilma me deu a pulseira que ela havia ganho, para recompensar a falta do meu presente. Essa mulher foi um anjo em minha vida!

Bom, cresci, brinquei na rua como todos naquela época e na idade escolar, da sexta série em diante, eu sofri muito bullying. De forma geral, era chamada de Mariana banana, pois levava à escola banana para comer no intervalo, amava banana. Na época não entendia muito bem o que era isso, mas não ligava muito, porque achava que rimava e me divertia, mas confesso tinha dias que isso me incomodava e chegava a chorar. Porém, havia dois meninos em específico e vou ser sincera contigo não vou alterar os nomes, eram Leandro e Marcos que faziam as piores brincadeiras a meu respeito. A que eu nunca esqueci era o sinal da cruz que faziam com dois dedos indicadores quando me viam. Eu me sentia um lixo, um demônio, com isso parecia que ninguém gostava de mim, e que todos queriam o meu mau. Foram anos bem difíceis. Sabe o que era o pior mesmo dessa situação? Era que eu alimentava uma paixonite por eles, sim coisa de louco, mas gostava deles, eles eram muito bonitos – aquele padrão de sociedade para beleza: loiros. Além disso, minha mãe havia confeccionado um agasalho para mim, e ele era de fundo cor gelo, bege bem clarinho e com pontinhos pretos dentro de um losango que era o formato do tecido. Os alunos diziam que eu não tinha tirado o pijama para ir à escola. Eu amava aquele agasalho, pois sempre fui “frienta” demais e ele me aquecia e tinha uma conotação sentimental, havia sido feito por minha mãe. Dentre estas, deve ter havido muito mais “brincadeiras” como chamam por aí, mas estas de fato marcaram a minha infância e ainda doem. Na verdade, foi o terror da minha infância. Nas aulas de educação física quando era solicitado para formar times para jogar queimada, basquete, futebol ou vôlei eu nunca era chamada, sempre ficava em última e ia para o time que nem me queria, mas para não ficar devendo na matéria ou com falta eu fazia o que tinha que ser feito, porém o sentimento de rejeição me afetou muito, parecia que nunca ninguém queria estar comigo, só ficavam comigo por falta de opção e isso me fazia chorar muitas vezes sozinha em meu quarto. O tempo foi passando e aos 13 anos de idade, não me recordo a série, eu tinha uma Professora de Educação Física, a Heloise, eu pedia permissão para não jogar e algumas vezes ela deixava, e nós ficávamos conversando sentadas no chão enquanto ela apitava o jogo. Eu adorava conversar com ela. Foi numa dessas prosas deliciosas que ela relatou estudar Psicologia, na USF – Itatiba. Eu não cabia em mim de felicidade, ela já estava na segunda faculdade e ainda queria ajudar as pessoas, isso me deixou literalmente encantada por ela. Foi nesse momento que pedi indicação de livro para eu conhecer mais sobre o curso, afinal foi pensando em tudo que passei que percebi que queria ajudar as pessoas a não passarem pelo que vivi. Ela, então, me indicou o livro “Psicologias”, de Ana Bock. Me recordo de ter ido a biblioteca que ficava no centro da cidade só para buscar este livro e foi assim que a Psicologia entrou em minha vida e tomou conta de mim, fazendo me apaixonar desde o momento em que o li, parecia que já sabia que queria ser psicóloga, que seria minha profissão, parecia um encontro de alma, que a Psico já fazia parte de mim, foi praticamente como dizem: um chamado! Porém, só fui para a USF – Itatiba em 2005, e por incrível que pareça foi a mesma faculdade da Professora, lembra?

Em 2004, com bolsa de Educafro cedida por uma Igreja aqui perto, consegui uma bolsa para fazer faculdade. Fomos para São Paulo na sede efetuar minha inscrição no programa. Me recordo até hoje nos 45 segundos do fim do tempo, minha irmã me disse, tem certeza que não quer fazer Serviço Social? Eu respondi com toda a certeza: eu sei que quero e preciso fazer Psicologia e assim entrei para Formação de Psicólogos na USF em Itatiba no ano de 2005.

Sempre fui uma aluna com muitas dificuldades de aprendizagem, por incrível que pareça. Então, as disciplinas da escola normal eram o meu terror, matemática então, nem se fale. O que eu gostava mesmo era de inglês e artes, amava, amava e na verdade ainda amo muito, rs.

Bem, ao verificar na grade curricular as disciplinas, afinal eu queria me preparar para iniciar o curso. Adivinha o que encontrei? Sim, matemática, na verdade estatística. Sabe o que eu fiz, vi ela como desafio e me propus aprender tudo e dar o meu máximo. A professora era um furacão, para quem não entendia nada, ficava “boiando” mesmo, porque ela fazia tudo muito rápido, enchia uma lousa gigantesca em míseros minutos. Bem, com esse desafio, ainda com uma dificuldade de ouvir imensa (ela falava alto e em bom tom) e a dificuldade da aprender eu buscava refazer todos os exercícios da aula, do livro, da lista, tudo que era dado. No final, perdi o medo da matemática, e fechei esta disciplina com 9,3 de média final. Sim, me superei. E em outras disciplinas não foi tão diferente, havia uns professores que falavam baixo por demais, não ouvia nada e nem entendia nada. Mesmo assim, não desisti e fiz de novo tudo o que podia para aprender, ler, estudar, mas aprendi o necessário para concluir o semestre. Em 2007 passei para o noturno, estudava no período matutino, e era tudo diferente com muito mais estudantes e eu desde sempre fui muito tímida, tive dificuldade de me enturmar quanto mais apresentar trabalhos certo? Pois bem, fizemos um trabalho, na época em cartolina ainda, lembra? A parte escrita eu fiz, eu e a minha dupla realizamos a colagem e como ela tinha uma facilidade de comunicação, ela ficou incubida de apresentar, só que para o meu desespero ela não compareceu. Eu tímida, com medo, tive um surto saí da sala chorando, sabe aquele choro de soluçar? Só que aí já tinha saído mesmo da sala, fui dar uma volta pela faculdade e encontrei uma professora, outro anjo, que me ouviu, me ajudou e me instruiu a conversar com o professor da disciplina – um psiquiatra. Passado tudo isso e tudo deu certo, fui aprovada na disciplina, mas prometi a mim mesma que isso nunca mais iria acontecer, afinal fiquei com vergonha da minha atitude e do meu comportamento, mas entendi o que houve conversando com a Professora que encontrei. Quem não entendeu muito bem o que aconteceu e demoraram para me perdoar foram os meus colegas, futuros psicólogos. Assim, foram cinco anos de desafios enfrentados e superados.

No ano de 2009, agendei um otorrinolaringologista e levei todos os exames audiométricos que eu fazia anualmente, ao ver os resultados foi bem direto e reto: você não é protetizada? Respondi: Não, não sou. Relatei tudo a ele que me encaminhou para a UBS, dela fui para a Faculdade de Medicina e de lá para ATEAL. Hoje sou protetizada, ou seja, uso aparelhos auditivos nos dois ouvidos. Nunca vou me esquecer o dia em que ouvi coisas que nunca havia ouvido, como um simples barulho de pneu, de papel, o susto de bater a porta do carro e parecer que tinha fechado com muita força. Essa deficiência auditiva foi causada pela Coqueluche.

Dezembro de 2009 me formei e nestes mais de 11 anos de profissão trabalhei com atendimentos à crianças, adolescentes, adultos e idosos. Durante este tempo com a minha experiência clínica, transformei o objetivo de ajudar pessoas a terem uma qualidade de vida emocional em um trabalho que comprovou ser minha maior realização.

Cuidar do outro, especificamente da Mulher, me permite adentrar cada vez mais no Universo Feminino. Este só tem me encantado e instigado mais e mais, sendo ainda mais aguçado durante o meu mestrado (Saúde da Mulher). Antes de fazer o Mestrado, em 2012 me especializei em Docência e sim, mesmo com tudo isso que vivi ainda estudei bastante e conclui com sucesso ao que me propus.

No Mestrado, nós fazemos pesquisa, na minha turma havia uma pediatra que iria estudar Coqueluche. Fui conversar com ela, contei toda a minha história, ela me olhou e perguntou: você não tem mais nada? Eu me lembro de ter respondido, não, afinal, terminei a escola, me formei Psicóloga, me especializei, estou no Mestrado e vivo normalmente. Ela me olhou novamente e disse: Então, levante as mãos para o céu, porque você é um “Milagre de Deus”. O que você passou poderia muito bem ter se tornado uma paciente vegetativa. Depois dessa “tomada de consciência” mais toda a minha experiência e vivência de vida aprendi uma coisa muito importante: não importa como seja, sempre agradeça! Concluindo, nunca permita-se estacionar na vida. Faça, não importa como! Desafie seus limites, capacidade, competências, habilidades. ACREDITE: VOCÊ PODE!

Eu acredito piamente que o ser humano tem POTENCIAL para o que ele quiser!

*Há alguns anos na Faculdade de Medicina vim a descobrir que esse médico era realmente um péssimo profissional por outros pacientes. Não inventei nada, literalmente ouvi e pude comprovar que ele não era sincero com a minha mãe nem com o meu caso.

Esta sou eu, prazer, Psicóloga Mariana Nani com muito orgulho.